quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Colocando à Prova o Falso Apostolado



            Quem foi que deu ordem para que alguém extinguisse o ministério apostólico da Igreja? Pois é exatamente isto que alguns tem feito, ou pelo menos tentado, como alguns teólogos, lideres e outros “donos da verdade”. O ministério apostólico é um ministério bíblico e outorgado por Jesus Cristo (Ef 4:11), portanto, somente Ele teria o direito de extingui-lo e não o fez.
            Precisamos, porém, equilibrar os moldes eclesiásticos para evitar os extremos, pois, apostolado não é um cargo, não é um título, e muito menos um movimento denominacional. Assim, precisamos estabelecer critérios escriturísticos coerentes para estabelecer um genuíno ministério apostólico.
            A igreja de Éfeso foi laureada e elogiada por Jesus por vários motivos, dentre eles pelo fato de estabelecer algum tipo de critério para provar certos ministérios apostólicos sem respaldo divino.

...e puseste à prova os que se dizem ser apóstolos e o não são e os achaste mentirosos.
Apocalipse 2:2b

            Note que já naquela época havia aqueles que se auto-intitulavam apóstolos sem o serem, e que, além disso, sabiam que não eram, portanto eram mentirosos.
            Este texto de apocalipse (2:2) não nos fornece os tipos de critérios utilizados pelos crentes efésios para provar a autenticidade de um ministério apostólico, mas sabemos que a mais importante credencial de um verdadeiro apóstolo, é sua semelhança com a pessoa e os princípios de Jesus Cristo (1ª Co 11:1).
            Jesus ordenou inicialmente aqueles doze homens comuns para que expressassem de maneira clara o seu próprio (1) caráter, (2) sua missão, (3) sua visão e (4) sua mensagem.
(1)    Seu caráter. A vida ilibada e impecável de Jesus aqui na terra, não foi produto de sua natureza divina, pois embora alguns atributos divinos estivessem presentes em Jesus de Nazaré, seu caráter foi fruto exclusivamente de sua devoção e obediência ao Pai. No afã de nos fornecer um modelo moral para todas as gerações. “Porque não somos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado mas sem pecado.” (Hb 4:15). Jesus como homem estava sujeito às mesmas paixões que nós, pois se assim não fosse, as três tentações no deserto teriam sido uma farsa entre Jesus e o Diabo, mas esta não é a verdade, pois a tentação é uma tentativa maliciosa de nos conduzir ao erro, e ele em tudo foi tentado (Tg 1:14-15). Jesus é o modelo para o caráter do verdadeiro apóstolo e para a Igreja apostólica (nós). O caráter é um dos critérios para provar o ministério apostólico.
(2)    Sua missão. A missão de um verdadeiro apóstolo não pode ser outra, senão a missão de Jesus. Jesus veio implantar um Reino, os apóstolos são embaixadores deste Reino (1ª Co 5:20); Jesus veio para ser um libertador, e outorgou a mesma comissão apóstolos (Mt 10:8); Jesus veio fazer discípulos e deu aos apóstolos a mesma comissão (Mt 28:19). A missão é um dos critérios para provar o ministério apostólico.
(3)    Sua visão. A visão de um verdadeiro apóstolo reflete a visão de Jesus Cristo. A visão de Jesus sempre foi uma visão de alcance geográfico global (At 1:8); a visão de Jesus é uma visão que favorece os desfavorecidos, ao contrário de “certos pseudo ministérios apostólicos” que visam às classes mais abastadas da sociedade (Mt 11:5; 19:21; Lc 4:18; 6:20; 14:13); a visão de Jesus não é uma visão denominacionalista, é uma visão de unidade (Jo 17:21). A visão é um dos critérios para provar o ministério apostólico.
(4)    Sua mensagem. A mensagem de um apóstolo deve ser inexoravelmente a mesma mensagem de Jesus. Não é uma mensagem triunfalista e muito menos uma mensagem derrotista. A ênfase da mensagem apostólica é a Redenção, a Substituição, a Expiação e a Cruz., em outras palavras, é a pura pregação do Evangelho, a Boa Nova da Salvação para todos os homens e o Reino de Deus. O ministério apostólico não se auto-promove, mas sua mensagem exalta a Cristo. “Porque não nos pregamos a nós mesmos mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos, por amor de Jesus.” (2ª Co 4:5)

Paulo, um verdadeiro apóstolo, fez uma menção irônica aos falsos apóstolos chamados de “super apóstolos”, pois é assim que eles se sentem, “mega stars” do evangelho. “Porque penso que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos.” (2ª Co 11:5). Paulo está dizendo que a despeito de sua rudeza no falar dado o seu temperamento colérico, ele possuía o conhecimento espiritual necessário para exercer o ministério apostólico (v. 6). Jamais podemos julgar a credibilidade de um ministro apostólico por sua erudição e intelectualidade, mas por sua revelação pessoal da Pessoa de Cristo e pela manifestação do poder de Deus em sua vida e ministério. “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas na demonstração do Espírito e de poder.” (1ª Co 2:4).
Devemos considerar que um ministério apostólico falso pode exercer uma influência magnética nas pessoas, de forma a parecerem verdadeiros. Seu carisma contagiante os torna ícones venerados pelas massas que são “hipnotizadas” por seus discursos inflamados, porém, destituídos da verdadeira essência da mensagem cristã. “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo.” (2ª Co 11:13) Mas não se engane! “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais é conforme as suas obras.” (vv. 14-15).
Entendamos também que, um ministro apostólico carrega em seu corpo (ou no mínimo em sua alma) as marcas de Cristo (Gl 6:17), em contrapartida, o falso apostolado é marcado pela ostentação de ministros “almofadinhas” que jamais sujariam seus exuberantes sapatos envernizados e de cromo alemão para se embrenhar nas missões insólitas dadas pelo Rei. “...Sai pelos caminhos e atalhos...” (Lc 14:23b). Paulo possuía um currículo apostólico invejável e que lhe atribuía credibilidade inquestionável, porém, tal histórico não é exatamente o “projeto” ministerial dos “super apóstolos” (2ª Co 12:11). Se você, leitor, porventura sente ter um ministério apostólico, gostaria de prová-lo através de sua reação a este histórico que pode ser um exemplo do que você passará.

São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigo dos da minha nação, em perigo dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes, em fome e sede, em jejum, muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.” 
(2ª Coríntios 11:23-28)

Conclusão

            A despeito de todos os modelos discrepantes de ministério apostólico da atualidade, não podemos generalizar, pois o apostolado, à despeito de não ter tido o devido reconhecimento por parte do sistema eclesiástico, não foi banido do ministério da Igreja, e eu quero vaticinar algo que está em meu espírito há alguns anos: Nos últimos dias dois ministérios bíblicos serão restaurados e estarão em pleno vigor na Igreja, com reconhecimento por parte das lideranças e do povo, o ministério profético e o ministério apostólico. Haverá um reconhecimento maravilhoso do ministério dos profetas, que falarão com inspiração espantosa e serão caracterizados por sua clarividência precisa para edificar, consolar e exortar. E por fim, com o ministério profético em plena atividade, os apóstolos genuínos serão reconhecidos e atuarão também em sua plenitude, estabelecendo e norteando a Igreja de Cristo com as diretrizes reveladas pelo próprio Mestre.
Quando homens se manifestarem como apóstolos, não se dê ao ceticismo religioso ou ao formalismo teológico, mas discirna pelo Espírito Santo aqueles ministérios que são genuinamente apostólicos. Este é o tempo de uma poderosa reforma no Corpo de Cristo, e nós fazemos parte do trabalhar de Deus restaurando o ministério apostólico.

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