quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sacerdotes e Profetas em Guerra



A quebra da unidade ministerial revela com clareza o grau da imaturidade espiritual sofrida pela Noiva (a Igreja). Ao listar os cinco dons do ministério cristão, Paulo não o fez em uma ordem hierárquica ou de importância, ele os agrupou revelando o seu propósito, o treinamento dos crentes para o trabalho ministerial. “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo.” (Efésios 4:11-12). Nenhum dom é mais importante do que outro. Evangelistas são tão importantes quanto os pastores e vice versa. Sacerdotes são tão importantes quanto os profetas e vice versa. A narrativa histórica do Antigo Testamento parece revelar muitas vezes certo antagonismo entre a classe sacerdotal (os ministros do altar) e a classe profética (os ministros itinerantes), o que revelava que a saúde espiritual do povo de Israel estava comprometida. Vemos tal rivalidade no relacionamento ministerial entre o profeta Amós e o sacerdote Amazias (Am 7:10-16). Algumas igrejas parecem achar que somente os pastores, que “...de contínuo estão junto ao altar...” (1ª Coríntios 9:13) devem ser honrados, já outras, parecem achar que maior honra é devida aos evangelistas itinerantes (v. 13). Os ministros “fixos” e os itinerantes devem coexistir em uma relação harmônica de interdependência, pois, pastores/sacerdotes precisam de evangelistas/profetas para a constante renovação da igreja, e evangelistas/profetas precisam do suporte e da confiança dos pastores/sacerdotes para exercer seu ministério.
A disputa entre estes dois seguimentos do ministério está intensificada. Certos itinerantes irresponsáveis parecem não ter nenhum parâmetro para desferirem ataques contra os abnegados líderes que Deus levantou, e por outro lado, alguns pastores também não poupam arrogância para se mostrarem superiores aos ministros itinerantes como se estes dependessem totalmente deles.
Ou aprendemos a equilibrar e valorizar a importância de todos os ministérios da Igreja, “...ou matar-se-ão no santuário do Senhor o sacerdote e o profeta?” (Lamentações 2:20b). É necessário que se retorne a um sentimento de serviço. A verdadeira unidade entre os ministérios bíblicos consiste essencialmente no sentimento de Cristo Jesus: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.” (Filipenses 2:3-4). Na verdade, pelo menos aqui no Brasil, evangelistas e pastores constituem-se como duas gerações, dois moveres, duas dispensações. Em meados da década de cinqüenta Deus exaltou e colocou em evidência o ministério dos evangelistas itinerantes, em cujas cruzadas e campanhas de avivamento o Espírito Santo se moveu marcando uma geração inteira com um grande mover de salvação, curas e batismo no Espírito Santo, estes ministros deixaram uma marca indelével no coração dos povos, porém, tal classe não teve apoio dos pastores, que os tinham como aventureiros da fé, e não se esmeravam em promover e financiar seu fecundo ministério, tal negligência não poderia ter tido um resultado pior, o itinerante, agora sem condições de pregar ao mesmo tempo em que sustenta sua família passa a “cobrar” por seu ministério contrariando arbitrariamente a palavra de Jesus: “...de graça recebestes, de graça daí.” (Mateus 10:8c). Com a decadência do mover dos pregadores, Deus começa a levantar grandes líderes no ministério pastoral, nunca o “sacerdócio eclesiástico” teve tanto destaque no Reino como nesta dispensação que perdurou até o presente momento, digo “perdurou” porque esta geração de pastores, com exceções, se tornou arrogante e tirânica, se ostentando em sua falsa segurança no altar das ofertas e em sua postura quase “papal” demonstrando-se como infalíveis e inquestionáveis. Agora, esta não é mais a geração dos “super itinerantes”, e tão pouco é a era dos “mega-pastores”, mas sim, a geração dos profetas e apóstolos, cuja marca característica é a poderosa combinação de santidade e humildade, e cujo propósito essencial é o alcance de milhões de almas perdidas em trevas, a destruição das fortalezas espirituais malignas e o fechamento de seus “portais espirituais”. Além disso, haverá uma harmonia sem igual entre estes dois ministérios, que trabalharão em unidade e não se ostentarão nos títulos: apostólico e profético, como sendo designações de superioridade, ao contrário, muitos pastores e evangelistas, mesmo sem título, exercerão seus ministérios como apóstolos e profetas. Não haverá destaque para o título apóstolo, mas sim, para pastores com unção apostólica, assim, também, não haverá destaque para títulos de profeta, mas sim, para evangelistas com unção profética. A partir de então, a guerra será não entre nós, mas contra os “chefes do mal” (Efésios 6:12).

Profetas Avarentos e Paroleiros



Profeta, este termo parece ter adquirido uma conotação quase “transcendental”. Existem dois extremos, a apologia inflexível dos que acreditam que este dom foi extinto, e a banalização do título como mera condição para status.
No século governado por Mamóm (o dinheiro), não é de se admirar que alguns pseudo-profetas estejam mercantilizando seu ministério, já que esta “apostasia profética” não é uma novidade restrita a esta dispensação, este “espírito de Balaão” parece estar em alta no ministério hodierno, pois diante da perspectiva de grandes “ofertas missionárias” muitos “...foram levados pelo engano do prêmio de Balaão...” (Judas 11b). Além de pastor, tenho atuado como ministro itinerante, e não me tem sido raro receber telefonemas com a seguinte indagação: “Quanto o senhor cobra para pregar?” Veja se isto não é extremamente paradoxal à ordem de Jesus, “...de graça recebestes, de graça daí.” (Mateus10:8c). Porém, eu compreendo os meus irmãos que me abordam desta maneira, pois este é o quadro ministerial que tem sido pintado pelos ministros itinerantes de hoje, um verdadeiro comércio se instaurou entre os pregadores, de forma que muitos já estão se adequando às exigências destes “mega stars” do evangelho. Compreendo que certos ministérios estabeleceram uma estrutura tão grande que necessitam de recursos para sustentá-la, e estes merecem nossos melhores esforços para abençoá-los, pois patrocinam missionários, organizam cruzadas evangelísticas e/ou difundem a palavra de Deus pelos modernos meios de comunicação, e isto é feito com dinheiro. Porém, certos ministros que estão “engatinhando” no ministério não têm nenhum respaldo para estipularem custos exorbitantes de sua visita, pois, o único investimento que fazem é em coisas como comer, beber e vestir, e, “...decerto, vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas; mas buscai primeiro o Reino de Deus,  e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. (Mateus 6:32-33). Viver pela fé não é estabelecer o quando se quer, mas sim, esperar no Querite a visita dos corvos (1º Reis 17:3-6). Esta “geração Geazi” por sua cobiça e avareza se tornou leprosa aos olhos de Deus (2º Reis 5:20-27). Precisamos inibir este mercantilismo ministerial até aniquilá-lo, rejeitando pregadores mercenários, utilizando os talentos “de casa” e honrando com grandes ofertas financeiras os ministros verdadeiramente comprometidos com Deus e com sua palavra. E que haja um equilíbrio quanto a isto, lembrando que “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.” (1º Coríntios 9:14). Ainda há genuínos profetas de Deus.
Como se não bastasse, tais “ministros” são caracterizados por sua forma irreverente e imprudente de pregar. Não possuem o tato característico de um verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, suas palavras, que eles alegam ser contundentes e proféticas, são na verdade iracundas e soberbas. Estes parecem não respeitar sacerdotes, mulheres, anciãos, e crianças. Sua oratória cheia de chocarrices e apelos morais sem tato, constrangem e anulam a atmosfera espiritual do culto, criando um clima de desconfianças e questionamentos negativos. O ministério da exortação não pode em hipótese alguma estar inativo, mas tal ministério não pode ser exercido por ministros que o fazem no intuito de se auto-promoverem como infalíveis; exortação é encorajamento. O ministério da exortação deve ser proveniente de um coração que abomina com repúdio mortal o pecado, mas que ama o pecador em proporção maior, com paixão fervorosa. Não se exorta para ouvir os tradicionais “fala Deus!!!” que afagam o ego do pregador, exorta-se para desafiar o homem a um viver santo diante de Deus.
Neste tempo, Deus já está a providenciar uma nova geração de ministros itinerantes cujo foco prioritário e único é SALVAÇÃO DE ALMAS e o AVIVAMENTO, homens que tenham um único propósito: o inferno vazio e o céu cheio, homens cujo clamor da alma é o clamor dos grandes evangelistas avivalistas de séculos passados: Dá-me almas ou morrerei!”.
Por mais erudito que um homem seja, por mais perfeita que seja sua capacidade de expressão, mais ampla sua visão das coisas, mais grandiosa sua eloqüência, mais simpática sua aparência, nada disso toma o lugar do fervor espiritual.” E. M. Bounds

sábado, 24 de dezembro de 2011

ATRAÍDOS PELA TRAGÉDIA


  
E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.
S. João 12:32

         Você já notou a propensão humana para a contemplação do caos? Já percebeu o quanto somos atraídos pela destruição, morte, dor, seja por masoquismo, compaixão ou ausência de compaixão, ou por mera curiosidade? Sim, nossos sentidos, especialmente nossa visão, sentem-se seduzidos por essas coisas.
         Eis o motivo da grandeza exorbitante do seguimento cinematográfico, que investe e lucra bilhões para entreter o grande público ávido por colocar o mal diante de seus olhos. Telejornais policiais sensacionalistas crescem em audiência infundindo o medo nos corações frágeis e sem Deus. Aí está uma das grandes razões das mentes não regeneradas deste século, aí está a razão da não conversão de milhões de incrédulos. Há tão pouco de Deus nos corações, tão pouca revelação no espírito, tão pouca pureza nas mentes. Eis um dos motivos da escassez de avivamento pessoal e coletivo. As mentes estão impregnadas do lixo visual de hollywood, os corações estão contaminados pelas tramas perversas das telenovelas, o espírito está obstruído pela absorção ocular e auditiva do mal. “Não porei coisa má diante dos meus olhos; aborreço as ações daqueles que se desviam; nada se me pegará.” (Salmo 101:3). Esta geração está literalmente ajuntando o mal tesouro em seu coração.
         Esta é a ferramenta do Diabo para afastar o homem da revelação do Evangelho. “Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” (II Coríntios 4:3-4).
         Além da maléfica engenhosidade de Hollywood, é estrondoso o sucesso de filmes nacionais como Carandirú e Tropa de Elite, com sua linguagem torpe e profana, e sua violência exacerbada.
         Você “cristão”, que diante de seu ídolo de tantas polegadas se deleita, inconscientemente seduzido por explosões de carros, homens atirando uns nos outros, homicídios, suicídios, infanticídios, chacinas, sangue jorrando, morte, morte, e mais morte, (isso sem falar na sensualidade), você realmente acredita que pode estar ou ser cheio do Espírito Santo sem se esvaziar definitivamente dessas coisas? Você acha que pode estar sensível às revelações e à direção do Espírito Santo com a mente repleta dessa lama que você chama de entretenimento? Você está amenizando e substituindo o termo “mundano” pelo seu paralelo pós-moderno: “secular”. Acorde, os verdadeiros gigantes da fé estão andando em um nível de separação que você chama de ascética, mas estão desfrutando de real intimidade com o Deus Vivo, enquanto os inconstantes telespectadores desse espetáculo do mal continuam sendo anões espirituais.
         JESUS CRISTO protagonizou o “espetáculo” mais trágico da história humana: puro, santo, inocente e divino, Ele se expôs ao vitupério maldito da cruz (Deuteronômio 21:22-23), um show de horrores que atraiu pessoas de todas as partes, religiosos, autoridades, algozes, fieis, zombadores e curiosos foram atraídos pela imagem mórbida de um homem desfigurado pelo flagelo romano e pendurando por pregos em uma cruz de madeira. O que impressiona é que em toda a história houve flagelos assim, e até piores, de homens importantes e carismáticos, mas aquela imagem do Gólgota, aquela imagem trágica e fatal se perpetuou pelo tempo, de forma que ainda hoje pessoas são atraídas, não pelo Cristo Glorificado, mas pelo Cristo Crucificado.
         Na mente e no desejo de Deus, a cruz deveria ser a última tragédia a ser diligente e espiritualmente contemplada pelo homem. Pois ao contrário da propagação vil e leviana dos elementos trágicos de nossa era, essa tragédia da cruz nos atrai para tudo o que é maravilhoso o bom.

         A Tragédia da Cruz nos propiciou Salvação
Olhai para mim e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.” (Isaías 45:22). Jesus Cristo é Deus, que veio em carne e morreu para pagar o preço dos nossos pecados naquela rude cruz, e ao olhar para este Cristo crucificado somos salvos da condenação eterna, pois Ele é o Autor e o Consumador desta fé salvadora. “olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.” (Hebreus 12:2)

         A Tragédia da Cruz nos propiciou Cura
levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.” (I Pedro 2:24). Todo sofrimento, dor e enfermidade da humanidade de todas as épocas, convergiram para o corpo flagelado de Jesus Cristo; ao crer na plenitude da obra redentora do Calvário, recebemos a Cura de Deus para o corpo e a alma. Perdão e Cura andam juntas na expiação de Cristo, pois, “É ele que perdoa todas as tuas iniqüidades e sara todas as tuas enfermidades.” (Salmo 103:3; Mateus 9:5-7).
        
         A Tragédia da Cruz nos propiciou Paz
Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele...” (Isaías 53:5). A verdadeira paz, a paz que o mundo anela, está nas feridas do corpo de Cristo. Ao sermos atraídos para cruz, e contemplarmos em fé os sofrimentos e a dor de Jesus, saberemos que este sofrimento e esta dor nos pertenciam, mas agora estão anulados no madeiro. Glória a Deus.
         Glória a Deus pela tragédia do Calvário!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Colocando à Prova o Falso Apostolado



            Quem foi que deu ordem para que alguém extinguisse o ministério apostólico da Igreja? Pois é exatamente isto que alguns tem feito, ou pelo menos tentado, como alguns teólogos, lideres e outros “donos da verdade”. O ministério apostólico é um ministério bíblico e outorgado por Jesus Cristo (Ef 4:11), portanto, somente Ele teria o direito de extingui-lo e não o fez.
            Precisamos, porém, equilibrar os moldes eclesiásticos para evitar os extremos, pois, apostolado não é um cargo, não é um título, e muito menos um movimento denominacional. Assim, precisamos estabelecer critérios escriturísticos coerentes para estabelecer um genuíno ministério apostólico.
            A igreja de Éfeso foi laureada e elogiada por Jesus por vários motivos, dentre eles pelo fato de estabelecer algum tipo de critério para provar certos ministérios apostólicos sem respaldo divino.

...e puseste à prova os que se dizem ser apóstolos e o não são e os achaste mentirosos.
Apocalipse 2:2b

            Note que já naquela época havia aqueles que se auto-intitulavam apóstolos sem o serem, e que, além disso, sabiam que não eram, portanto eram mentirosos.
            Este texto de apocalipse (2:2) não nos fornece os tipos de critérios utilizados pelos crentes efésios para provar a autenticidade de um ministério apostólico, mas sabemos que a mais importante credencial de um verdadeiro apóstolo, é sua semelhança com a pessoa e os princípios de Jesus Cristo (1ª Co 11:1).
            Jesus ordenou inicialmente aqueles doze homens comuns para que expressassem de maneira clara o seu próprio (1) caráter, (2) sua missão, (3) sua visão e (4) sua mensagem.
(1)    Seu caráter. A vida ilibada e impecável de Jesus aqui na terra, não foi produto de sua natureza divina, pois embora alguns atributos divinos estivessem presentes em Jesus de Nazaré, seu caráter foi fruto exclusivamente de sua devoção e obediência ao Pai. No afã de nos fornecer um modelo moral para todas as gerações. “Porque não somos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado mas sem pecado.” (Hb 4:15). Jesus como homem estava sujeito às mesmas paixões que nós, pois se assim não fosse, as três tentações no deserto teriam sido uma farsa entre Jesus e o Diabo, mas esta não é a verdade, pois a tentação é uma tentativa maliciosa de nos conduzir ao erro, e ele em tudo foi tentado (Tg 1:14-15). Jesus é o modelo para o caráter do verdadeiro apóstolo e para a Igreja apostólica (nós). O caráter é um dos critérios para provar o ministério apostólico.
(2)    Sua missão. A missão de um verdadeiro apóstolo não pode ser outra, senão a missão de Jesus. Jesus veio implantar um Reino, os apóstolos são embaixadores deste Reino (1ª Co 5:20); Jesus veio para ser um libertador, e outorgou a mesma comissão apóstolos (Mt 10:8); Jesus veio fazer discípulos e deu aos apóstolos a mesma comissão (Mt 28:19). A missão é um dos critérios para provar o ministério apostólico.
(3)    Sua visão. A visão de um verdadeiro apóstolo reflete a visão de Jesus Cristo. A visão de Jesus sempre foi uma visão de alcance geográfico global (At 1:8); a visão de Jesus é uma visão que favorece os desfavorecidos, ao contrário de “certos pseudo ministérios apostólicos” que visam às classes mais abastadas da sociedade (Mt 11:5; 19:21; Lc 4:18; 6:20; 14:13); a visão de Jesus não é uma visão denominacionalista, é uma visão de unidade (Jo 17:21). A visão é um dos critérios para provar o ministério apostólico.
(4)    Sua mensagem. A mensagem de um apóstolo deve ser inexoravelmente a mesma mensagem de Jesus. Não é uma mensagem triunfalista e muito menos uma mensagem derrotista. A ênfase da mensagem apostólica é a Redenção, a Substituição, a Expiação e a Cruz., em outras palavras, é a pura pregação do Evangelho, a Boa Nova da Salvação para todos os homens e o Reino de Deus. O ministério apostólico não se auto-promove, mas sua mensagem exalta a Cristo. “Porque não nos pregamos a nós mesmos mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos, por amor de Jesus.” (2ª Co 4:5)

Paulo, um verdadeiro apóstolo, fez uma menção irônica aos falsos apóstolos chamados de “super apóstolos”, pois é assim que eles se sentem, “mega stars” do evangelho. “Porque penso que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos.” (2ª Co 11:5). Paulo está dizendo que a despeito de sua rudeza no falar dado o seu temperamento colérico, ele possuía o conhecimento espiritual necessário para exercer o ministério apostólico (v. 6). Jamais podemos julgar a credibilidade de um ministro apostólico por sua erudição e intelectualidade, mas por sua revelação pessoal da Pessoa de Cristo e pela manifestação do poder de Deus em sua vida e ministério. “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas na demonstração do Espírito e de poder.” (1ª Co 2:4).
Devemos considerar que um ministério apostólico falso pode exercer uma influência magnética nas pessoas, de forma a parecerem verdadeiros. Seu carisma contagiante os torna ícones venerados pelas massas que são “hipnotizadas” por seus discursos inflamados, porém, destituídos da verdadeira essência da mensagem cristã. “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo.” (2ª Co 11:13) Mas não se engane! “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais é conforme as suas obras.” (vv. 14-15).
Entendamos também que, um ministro apostólico carrega em seu corpo (ou no mínimo em sua alma) as marcas de Cristo (Gl 6:17), em contrapartida, o falso apostolado é marcado pela ostentação de ministros “almofadinhas” que jamais sujariam seus exuberantes sapatos envernizados e de cromo alemão para se embrenhar nas missões insólitas dadas pelo Rei. “...Sai pelos caminhos e atalhos...” (Lc 14:23b). Paulo possuía um currículo apostólico invejável e que lhe atribuía credibilidade inquestionável, porém, tal histórico não é exatamente o “projeto” ministerial dos “super apóstolos” (2ª Co 12:11). Se você, leitor, porventura sente ter um ministério apostólico, gostaria de prová-lo através de sua reação a este histórico que pode ser um exemplo do que você passará.

São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigo dos da minha nação, em perigo dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes, em fome e sede, em jejum, muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.” 
(2ª Coríntios 11:23-28)

Conclusão

            A despeito de todos os modelos discrepantes de ministério apostólico da atualidade, não podemos generalizar, pois o apostolado, à despeito de não ter tido o devido reconhecimento por parte do sistema eclesiástico, não foi banido do ministério da Igreja, e eu quero vaticinar algo que está em meu espírito há alguns anos: Nos últimos dias dois ministérios bíblicos serão restaurados e estarão em pleno vigor na Igreja, com reconhecimento por parte das lideranças e do povo, o ministério profético e o ministério apostólico. Haverá um reconhecimento maravilhoso do ministério dos profetas, que falarão com inspiração espantosa e serão caracterizados por sua clarividência precisa para edificar, consolar e exortar. E por fim, com o ministério profético em plena atividade, os apóstolos genuínos serão reconhecidos e atuarão também em sua plenitude, estabelecendo e norteando a Igreja de Cristo com as diretrizes reveladas pelo próprio Mestre.
Quando homens se manifestarem como apóstolos, não se dê ao ceticismo religioso ou ao formalismo teológico, mas discirna pelo Espírito Santo aqueles ministérios que são genuinamente apostólicos. Este é o tempo de uma poderosa reforma no Corpo de Cristo, e nós fazemos parte do trabalhar de Deus restaurando o ministério apostólico.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Apóstolos e o Palco da Perseguição



Porque tenho para mim a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens.
1ª Coríntios 4:9

            Para muitos, os títulos eclesiásticos são sinônimos de glamour e regalias, em especial o termo apóstolo que é muito explorado em nossos dias.
            A verdadeira e melhor associação do ministério apostólico são as privações, renúncias e perseguições.
            Na seqüência deste texto, Paulo declara que os ministros apostólicos são uma espécie de “para-raios espirituais”, que sofrem as aflições para que os fiéis não as sofram. Os verdadeiros ministros são aqueles que estão dispostos a sofrer para que a abra de Deus e o seu povo não sofram.
            Apostolado não tem absolutamente nada haver com vida regalada e ostentação, embora seja o desejo de Deus prosperar seus ministros fiéis e dar-lhes riquezas, mas este não deve ser um fim em si mesmo. Observe a vida de Paulo e julgue você mesmo: Este é o modelo apostólico atual? “Até esta presente hora, sofremos fome, e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa.” (v. 11).
            Uma das mais fortes prerrogativas apostólicas é o trabalho. Alguns ministros são obreiros em tempo integral, o que não deixa de ser trabalho na essência da palavra, porém, alguns se aproveitam deste direito (I Co 9:1-6) apostólico para viverem regaladamente sem frutificar para o Reino de Deus. “E nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos...” (v. 12).
            Chamo a sua atenção ao argumento de Paulo para referir-se a abnegação apostólica, “...somos feitos espetáculo...
            O apóstolo Paulo sentia-se literalmente o participante de um Reality Show, o personagem de uma grande apresentação no palco da vida. Paulo falou de maneira pejorativa, como se fosse um “confinado” sujeito à observação de classes diferentes de espectadores: “...ao mundo, aos anjos e aos homens...
            Em meio aos sofrimentos do ministério, somos personagens com uma “torcida” especial, contra, e a favor. Enquanto os demônios (anjos maus), torcem para que venhamos a sucumbir diante das tribulações, e para a nossa destruição e morte, Deus e seus anjos torcem e nos ministram para que sejamos mais do que vencedores em nossas batalhas cotidianas. Os homens, por sua vez são espectadores secundários que testemunham nossas vidas para depois aplaudirem ou criticarem.
            Os cristãos primitivos foram literalmente expostos como um pavoroso espetáculo de sangue; foram lançados nas arenas romanas como alimento aos leões; estraçalhados pelos carros dos centuriões e pelos soldados, queimados vivos por ordem dos sádicos imperadores de Roma, tudo para divertir as multidões em êxtase. O escritor aos hebreus expressa isso muito bem:

Em parte, fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações...
Hebreus 10:33

            O ministro apostólico precisa estar preparado para “atuar nas cenas” de perseguição e angustia sem perder sua fé e confiança em Jesus.
            Quando Paulo disse: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fl 4:13), ele não se referia ao contexto em que muitos expõem esta expressão na chamada “teologia da prosperidade”. Quero dar aqui a minha versão das palavras de Paulo, a “V.E.R.”, “Versão Enéas Ribeiro”, se é que eu posso! Que tal: “Estou preparado para qualquer condição e situação naquele que me capacita.” A prova disso está no versículo anterior, ou seja, este é o contexto real: “Sei estar abatido e sei também ter em abundância; em toda a maneira e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome; tanto a ter abundância como a padecer necessidade.” (Fl 4:12).
            Paulo sem dúvida alguma foi um dos personagens que mais sofreu no “palco da perseguição”, contudo, sempre manteve suas motivações puras diante do Senhor e conservou-se como um eterno modelo apostólico.
            Em sua segunda carta aos crentes de Corinto (11:23-27) Paulo descreve com detalhes algumas das muitas aflições que passou ao longo de seu ministério, e ainda assim, não deixou de sofrer preocupação com as igrejas.

Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.
II Coríntios 11:28

            Alguém que não esteja disposto a padecer perseguições e tribulações por Cristo e sua Igreja, não pode se quer ser chamado cristão, que dirá ministro apostólico.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O Ministério Apostólico da Imposição de Mãos



            Existe uma doutrina bíblica fundamental na fé cristã, é a imposição de mãos. Alguns a ignoram em nível de estudo, mas deveria ser um tema à ser dominado, pelo menos pelos pentecostais. O entendimento sobre a imposição de mãos é tão importante quanto a doutrina dos batismos, a doutrina da ressurreição dos mortos e a doutrina escatológica do juízo final.

Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, e da doutrina dos batismos, e da imposição de mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno.
Hebreus 6:1-2

            Note que o escritor aos hebreus exorta à igreja hebréia, não a se esquecer da doutrina da imposição de mãos, mas sim a conhecê-la profundamente, no afã de priorizar outros aspectos “mais importantes” da fé. Porém, tal exortação se dirige àqueles que dominam o assunto, o que não é uma realidade em muitos casos.
            A igreja perdeu a noção do poder que está investido neste ato profético.
            Quem haveria ser o herdeiro de José por tradição era o primogênito Manassés, Jacó, porém, impôs sua mão direita (a mão da primogenitura) sobre Efraim, ao que José protestou, pois sabia o significado da benção do patriarca através da imposição da mão direita. “Vendo, pois, José que seu pai punha a sua mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi mau aos seus olhos; e tomou a mão de seu pai, para a transpor de sobre a cabeça de Efraim à cabeça de Manasses. E José disse a seu pai: Não assim, meu pai, porque este é o primogênito; põe a tua mão direita sobre a sua cabeça. Mas seu pai o recusou, e disse: Eu o sei, filho meu, eu o sei; também ele será um povo e também ele será grande; contudo, o seu irmão menor será maior que ele, e a sua semente será uma multidão de nações. Assim, os abençoou naquele dia...
            Pais e avós abençoarem seus filhos e netos não é mera tradição religiosa ou uma cultura social restrita aos hebreus, é um princípio espiritual poderosíssimo que foi abandonado em nossa geração.
            Ao sairmos pelas ruas, contemplamos seres humanos tão dignos como nós, assentados à beira da calçada mendigando, nos becos e bares se drogando e alcoolizando, nas esquinas se prostituindo e outros morrendo. Será que eles são meramente um “produto do sistema”, que não tiveram grandes oportunidades na vida? Este pode ser um aspecto básico da origem do problema, “a ponta do iceberg”, mas um outro fator pode estar envolvido. Será que essas pessoas foram abençoadas pelos pais na tenra idade? Será que se inclinaram para que seus pais lhes impusessem as mãos e invocassem as bênçãos do Deus da Igreja de Cristo sobre eles? Não creio!
            Vamos compreender a dimensão do entendimento de Jacó acerca deste ato:

Depois chamou Jacó a seus filhos, e disse: Ajuntai-vos, e anunciar-vos-ei o que vos há de acontecer nos derradeiros dias...Todas estas são as doze tribos de Israel; e isto é o que lhes falou seu pai quando os abençoou; a cada um deles abençoou segundo a sua benção.
Gênesis 49:1, 28

            O patriarca Jacó não somente os abençoou como uma tradição hereditária, ele entendia que sua benção impetrada com fé e sabedoria, seria um fator determinante para o futuro de seus doze filhos.
            Certos pais iracundos amaldiçoam tanto seus filhos em seus momentos de explosão emocional, que tornam seus filhos alvos das investidas do diabo. Crianças, adolescentes e jovens precisam ser incentivados pelos pais com palavras de benção, pois sua formação está intrinsecamente ligada não somente ao ambiente em que crescem, mas principalmente ao que ouvem. Um futuro devastado deve-se em essência, muitas vezes, ao desânimo de palavras amaldiçoadoras. “Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo.” (Cl 3:21).
            Deus investe seu poder e autoridade espiritual sobre certos homens e mulheres, para que estes estejam aptos a abençoar. Dada a importância fundamental e profética da imposição de mãos, não devemos permitir que pessoas que não estejam devidamente ungidas e autorizadas, imponham as mãos sobre nós como ato espiritual, pois, “...sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior” (Hb 7:7). O maior aqui, na perspectiva do Reino, é aquele que recebeu uma unção confirmada para ministrar. Melquisedeque estava devidamente autorizado a ministrar (abençoar) a Abraão, pois a unção do sacerdócio estava sobre ele, e o sacerdote era maior do que o profeta.
            Alguém pode ser ungido com sabedoria simplesmente através da imposição de mãos? Deixe este jovem ministro lhe responder. SIM!

E Josué, filho de Num, foi cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés tinha posto sobre ele as suas mãos.
Deuteronômio 34:9

            A unção para liderar o numeroso povo de Israel estava sobre a vida de Josué, pois a unção que estava sobre Moisés foi transferida para o ministério de Josué.
            Lembro-me muito bem quando eu era um pregador itinerante, fazendo sempre a obra com minha esposa, pastora Gisele, ministrando em grandes congressos. Estávamos revestidos da unção de evangelistas-profetas, até que, no mês de agosto de 2006, o nosso pastor (Deiró de Andrade) impôs as mãos sobre nós, e naquele mesmo instante veio sobre nós uma unção que não esperavamos, a unção para o ministério pastoral. Pelo fato de termos entendido e crido nisto, temos desenvolvido com muita graça este ministério desde então.
            Nunca subestime a oração e a imposição de mãos de um verdadeiro ministro de Deus, é um ato profético poderoso.
            Mas como você pensa que posso relacionar este ato com o ministério apostólico? A relação é óbvia. É um mandamento do senhor Jesus aos que ele enviou. “...Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura...e porão as mãos sobre os enfermos e os curarão.” (Mc 16:15, 18 b).
            As mãos de um ministro ungido são o ponto de contato entre o homem e as bênçãos de Deus. Há um fluxo de poder espiritual que emana no ato da imposição de mãos, por isso, Jesus outorgou o seu poder curador aos discípulos mediante a imposição de mãos, embora eu entenda que em uma reunião de grandes proporções, não seria possível impor as mãos sobre todos os enfermos, daí cremos exclusivamente no poder curador da Palavra de Deus. “E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele, coma sua palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam enfermos.” (Mt 8:16)
            O ministério de Jesus despertou nas pessoas o entendimento e a confiança no esquecido ministério da imposição de mãos, que estava restrito aos sacerdotes que somente impunham as mãos sobre os bodes da expiação. A fama de Jesus foi tão difundida que um religioso, “pastor” de uma sinagoga, procurou o Mestre para ter sua filha ministrada. “E rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva.” (Mc 5:22-23).
            Em sua cidade de criação, Nazaré, aconteceu um fato paradoxal, Jesus, aquele que pode todas as coisas, segundo o evangelista Marcos “...não pôde...” fazer muito (v. 5 a), pois ali, a ausência de fé era admirável ao próprio Jesus. “E estava admirado da incredulidade deles...” (Mc 6:6). Alguns, porém, que estavam doentes, ficaram e creram no ministério de Jesus, e mais uma vez as mãos do Senhor entraram em ação. “E não podia fazer ali obras maravilhosas; somente curou alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.” (Mc 6:5). Note que o ato da imposição de mãos requer não somente fé de quem impõe as mãos, mas também de quem é ministrado.
            Como eu disse anteriormente, quando se separa e consagra alguém para o santo ministério, a imposição de mãos é o método neo-testamentário, diferente do Antigo Testamento, em que o óleo era derramado sobre a cabeça do escolhido. Hoje o óleo é usado para ungir (mediante imposição de mãos) aqueles que estão enfermos. “E expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam.” (Mc 6:13). A unção com óleo é também um ministério apostólico, e não pode ser banalizado. Muitos movimentos carismáticos e pentecostais têm feito do óleo um artigo supersticioso cultural, unge-se tudo. É uma autêntica “lambuzeira!” Entendemos que qualquer pessoa ou até certos objetos possam ser ungidos em qualquer ocasião desde que seja por inspiração e ordem direta do Espírito Santo, mas pelas pessoas devidamente instituídas por Deus. Mesmo porque, o ato do ungir é restrito às pessoas ministerialmente e espiritualmente autorizadas da Igreja, como disse Tiago: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.” (Tg 5:14-15).
            Devemos nos guardar destes aventureiros que gostam de “ungir” as pessoas por aí aleatoriamente, pois este ato apostólico e profético está biblicamente restrito aos ministros oficiais da igreja (presbíteros/bispos/anciãos/pastores). O advento do evangelho trouxe uma inimaginável (à cultura judaica) liberdade ministerial e litúrgica às mulheres, que passaram a atuar ativamente na obra de Deus, porém, não há menção bíblica doutrinária de mulheres ungindo pessoas. Não podemos, porém, ser liturgicamente inflexíveis, pois, há exceções emergentes e delegações de ministros autorizados que porventura não estejam presentes. Qualquer um pode ministrar a cura divina pela fé, mas somente ministros da Igreja podem ungir, este é o padrão escriturístico.
            A mesma cautela deve haver em relação àqueles que oferecem a unção, principalmente os que a oferecem como artigo de comércio: “Venha receber a unção no culto da unção com óleo!!!” Tiago orienta: “...Chame os presbíteros...” Note que os presbíteros são normalmente chamados, mas não se oferecem (há exceções).
            Visto que o texto diz: “...orem sobre ele...”, logo, não se exige ungir o local da doença, e sim, o doente, e podemos entender por “sobre ele” que a oração com imposição de mãos sobre a cabeça é a alternativa mais coerente, e da cabeça, a unção do Espírito Santo pode perfeitamente envolver todo o corpo (Sl 133).
            Bom é lembrar também que o óleo utilizado neste rito, não possui nenhum poder medicinal, e muito menos místico, mas é, sim, um ponto de contato de fé por ser um símbolo escriturístico e proféticodo Espírito Santo e seu poder. A cura não está no óleo, e também não está na imposição de mãos em si, mas na fé, pois, “...oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará...
            Através da imposição de mãos, Deus outorga dons aos seus servos, dons espirituais e dons ministeriais. Não foram raras a ocasiões em que Deus me usou para ministrar dons a pessoas por intermédio das minhas mãos, da mesma forma, um dia Deus usou as mãos de um ministro para que eu recebesse o ministério profético.
            Paulo desejava ardentemente chegar à Roma e visitar sua jovem Igreja, e ele escreveu dizendo: “Anseio vê-los, a fim de compartilhar com vocês algum dom espiritual...” (Rm 1:11a - NVI) Não creio que o termo “compartilhar” aqui, seja simplesmente “demonstrar seus dons”, mas sim, dividir com eles o mesmo dom, para posteriormente eles também pudessem ministrar a outros.        
            Ora, se não fosse assim, porque Paulo teria dito à Timóteo: “...despertes o dom de Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos.” (2ª Tm 1:6).
            É fabuloso como a bíblia se aplica a praticidade do ministério cristão hodierno. Toda experiência espiritual e litúrgica da Igreja Primitiva pode e deve ser reproduzida na Igreja do século XXI. Lembro-me que em meados do ano de 2003, eu ministrei uma mensagem profética a um jovem problemático da igreja, dizendo-lhe que ele receberia o dom da profecia, e ao mesmo tempo que eu profetizei, eu o ministrei dizendo: “Receba-o agora!” Ele caiu sob o poder do Espírito e, daquele dia em diante processou-se na vida daquele rapaz uma transformação espiritual e ministerial inquestionável, e hoje me alegro ao vê-lo como um jovem pastor de igreja. Este é um entre outros casos semelhantes da minha experiência carismática pessoal. Mas você talvez pergunte: “É possível alguém receber um dom assim, com uma profecia e uma ministração imediata?” O apóstolo Paulo responde: “Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério.” (1ª Tm 4:14).
            Note outro aspecto. Este tipo de dom não deve ser rejeitado (“Não desprezes o dom que há em ti...”), se assim acontecer com você creia e passe a agir à altura do que você recebeu. Use o seu novo talento com graça e sabedoria.
            Um episódio interessantíssimo ocorreu em Samaria quando um grupo considerável de pessoas receberam em seus corações a fé cristã por intermédio da pregação apostólica do diácono evangelista Filipe:

Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de deus, enviaram lá Pedro e João, os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido, mas somente eram batizados em nome de Jesus.) Então, lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo.
Atos 8:14-17

            Este não é mais um texto histórico isolado e sem significação teológica e doutrinária, mas é, sim, uma demonstração do ministério apostólico da imposição de mãos. Note que o diácono Filipe, apesar de ser ungido para o ministério evangelístico com uma unção direcionada à libertação (exorcismo), e a restauração física miraculosa de coxos e paralíticos (At 8:7), não estava ministerialmente “habilitado” para ministrar o batismo no Espírito Santo aos novos convertidos que acabara de ganhar.
            Não é um fato incomum em meu ministério este sinal acompanhando a pregação da palavra. Em 90% das igrejas em que ministro, chamo à frente aqueles que desejam ser batizados no Espírito Santo, e nunca me decepcionei com um resultado negativo, pois fui ungido para especificamente para este fim dentre outros. Para mim é muito gratificante quando alguém telefona para mim diz coisas como: “Pastor, todas as vezes que falo em línguas estranhas lembro-me do senhor, por isso estou ligando!”. Penso que esta é uma experiência que qualquer crente cheio do Espírito Santo pode ministrar por fé, mas existem ministros singularmente capacitados para fazê-lo, pois é um ministério apostólico, e este dom não está à venda (At 8:18-24).