A CONTAMINAÇÃO DO VELHO SISTEMA ECLESIÁSTICO
Introdução
Nossa geração é privilegiada por poder desfrutar do
poderoso legado espiritual transmitido por grandes avivalistas e líderes da
igreja do passado, que à custa de muitas perseguições, descrédito e até
derramamento de sangue, lançaram os primeiros alicerces apostólicos para a
igreja como conhecemos hoje. Lamentavelmente,
este legado foi honrado apenas sob o ponto de vista da narrativa histórica,
haja vista que muitas igrejas e líderes eclesiásticos da atualidade ostentam a
história pioneira dos antigos heróis da fé, mas não conservam e tão pouco,
difundem este legado. Podemos nos gloriar no ministério e na vida de heróis
como: John Wesley, Jonathas Edwards, Dwight Moody, Evan Roberts, William
Seymour, Kathryn Kuhlman, Aimee Semple McPherson, Daniel Berg e Gunnar Vingren,
Manoel de Melo, e mesmo de nosso fundador Charles Harrison Mason. Porém, não
basta nos gloriamos nesses apóstolos do passado, precisamos nos nutrir do mesmo
Espírito que os compungia. Hoje, o que temos é uma “maquete” daquilo que eles
construíram, e o sistema denominacional, sutilmente se deteriorou pela
contaminação espiritual de antigas culturas do Oriente, e a principal área
afetada foi o governo eclesiástico.
i-
A INFLUÊNCIA EGÍPCIA SOBRE O GOVERNO DA IGREJA
O
sistema opressor de tributos do Egito forjou a mentalidade
econômico-administrativa de muitas nações da posteridade, é uma forma hábil e
simples de minar recursos para uma sede de governo capitalista. Em muitos
sistemas eclesiásticos congregacionais vemos exatamente isso: “E os egípcios puseram sobre eles maiorais de
tributos, para os afligirem com suas cargas. E edificaram a Faraó cidades de
tesouros, Pitom e Ramessés.” (Êx
1:11) Parafraseemos assim: “E os pastores presidentes puseram sobre as
pequenas congregações pastores locais para arrecadar, para os afligirem com
suas varas. E edificaram ao Presidente grandes tesourarias, mega-templos e
catedrais”. O plano de Deus é que cada igreja local seja autóctone, ou
auto-sustentável. Caso haja um sistema razoável de arrecadação para uma Igreja
Sede, que seja o dízimo dos dízimos, pois nada poderia parecer mais razoável do
que honrar a “Mãe” (Êx 20:12; Ml 3:10;
Rm 15:26-27; II Co 8:1-15; Ef 6:2), e os recursos devem ser administrados
com ênfase em esforços de missões e no suprimento das próprias congregações até
que se estabilizem. Quando o Reino de Deus vem o império egípcio cai.
ii-
A INFLUÊNCIA BABILÔNICA SOBRE O GOVERNO DA IGREJA
A
genealogia babilônica remonta os primórdios da civilização humana, com Ninrode
e sua torre (Babel) sempre com a mesma ideologia: “...façamo-nos um nome...” (Gn
11:4b). O orgulho e a ostentação babilônica sempre foram refletidas por
seus reis, dentre os quais o mais renomado foi Nabucodonosor, cuja jactância
por suas conquistas e edificações parece inspirar líderes de todas as gerações
e lamentavelmente muitos líderes da cristandade. As palavras desse rei se
repetem no coração de “mega-apóstolos” (II
Co 11:5) da atualidade: “...Não é
esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu
poder e para glória da minha magnificência?” (Dn 4:30). O único interesse do sistema denominacional contaminado é
edificar catedrais que façam sobressair o nome de sua placa, assim, não há
lugar para ideais de unidade do Reino, pois o seu ideal é o estabelecimento do
império denominação. Quando o Reino de Deus vem o império babilônico cai.
iii-
A INFLUÊNCIA GREGA SOBRE O GOVERNO DA IGREJA
Indubitavelmente
a cultura que mais se perpetuou e influenciou a civilização moderna foi o
helenismo. As conquistas épicas e assustadores do jovem rei grego Alexandre
Magno (“o grande”) fizeram-no estender seu governo por quase todo o mundo de
sua época. O ideal de Alexandre era helenizar o mundo, ou seja, impor a cultura
e as tradições gregas a todos os povos por ele conquistados, e não podemos
dizer que seu intento fracassou, pois mesmo após sua morte prematura (aos 32 anos de idade), Roma que foi o
império predominante após o declínio grego, adotou o quase a totalidade do
helenismo, especialmente a filosofia grega. Assim, surgiu a cultura greco-romana
calcada em ideais de domínio e intelectualidade (I Co 1:22). Dentre os principais ideais do espírito da Grécia
destacam-se: (1) a veneração da estética; (2) a idolatria do esporte; (3) a
sensualidade e o hedonismo; (4) e o culto às idéias e ao intelectualismo. Todos
estes aspectos encontraram guarida na mentalidade hodierna, mas é justamente
este último que entrou sorrateiro e hoje permeia a cristandade. Assim, as
mentes mais inquiridoras têm se apartado da simplicidade que há em Cristo (II Co 11:3), dando origem a pragas
filosóficas como o humanismo secular, o comunismo ateísta e a teologia liberal.
Os mistérios divinos não são para os “sábios e entendidos”, mas para os
pequeninos (Mt 11:25-26), e o
espírito regenerado somente cresce quando o entendimento humano fica
infrutífero (I Co 14:14). Deus tem
levantado outra vez, nesse tempo, os filhos de Sião, que são os filhos do
Reino, para sobrepujar os filhos da Grécia (Zc 9:13). Quando o Reino de Deus vem o império grego cai.
iv-
A INFLUÊNCIA ROMANA SOBRE O GOVERNO DA IGREJA
Roma
consolidou-se como o império de mais prolongado domínio na história da
humanidade, e mesmo após a queda de seu império político, ostenta-se com sua
influência político-religiosa. O maior problema dogmático da Igreja Católica
Romana não está essencialmente no seu governo eclesiástico episcopal, que na
verdade é o mais coeso para conservar a unidade doutrinária e administrativa, a
grande problemática é o “nicolaísmo” (Ap
2:15). Acredita-se que o nicolaísmo era a crença na acepção exacerbada
entre clérigos e leigos, em que os bispos da Igreja insurgiam-se como
representantes mediadores de Deus diante do povo. Doutrina esta que anula o
sacerdócio universal da Igreja (I Pe
2:9; II Co 5:18-20). A iconoclastia de sacerdotes cristãos não é
exclusivamente católica, pois, o protestantismo em suas mais diversas
vertentes, tem consagrado seus ídolos humanos, pastores, bispos e apóstolos que
parecer deter o monopólio da salvação e mediarem o acesso do povo a Deus. Os
líderes episcopais cristãos têm, sim, sua distinção honorífica em função de sua
separação singular e zelo pelo
ministério (At 6:3-4; I Co 9:13-14; Gl
6:6; I Ts 5:12-13; I Tm 5:17), porém, os mesmo não estão qualificados para
mediação, pois este posto já está definitiva e gloriosamente ocupado (Jo 14:6; At 4:12; I Tm 2:5). Quando o
Reino de Deus vem o império romano cai.
v-
SOBREPUJANDO O SISTEMA DENTRO DO SISTEMA
Alguns
seguimentos extremistas dentro da Renovação Apostólica acreditam na necessidade
da extinção do sistema denominacional, por considerá-lo obsoleto. À bem da
verdade, o sistema de fato se deteriorou em seu propósito, mas o plano de Deus
não é destruir o que foi construído. Deus espera que os ministérios que estão,
de alguma forma, vinculados a um sistema denominacional caído, recebam uma
revelação do Reino de Deus e a difundam em seu seguimento. Não precisamos
depreciar pastores e igrejas cujas mentes não foram renovadas, o Reino de Deus
é positivamente comparado por Jesus com o fermento (Lc 13:20-21). Quando o Reino de Deus de fato chega, toda a mazela
do sistema denominacional cai. Ninguém deve se insurgir contra lideranças
eclesiásticas e autoridades espirituais, sob pretexto de um suposto “ministério
profético”. Se alguém não encontra perspectiva de implantação do Reino em uma
denominação, que procure outra que comungue de sua visão e ideais, mas o grande
desejo de Deus não é extinguir os velhos odres, mas renová-los enquanto cria
novos odres, assim, o vinho novo do Reino de Deus será derramado sobre todos
aqueles que se conservarem obedientes e humildes. A Visão do Reino de Deus é
incomparavelmente maior do que a visão de qualquer denominação.
Conclusão
Este
é um tempo de profunda purificação da Igreja de Deus, o Espírito Santo vem, ao
longo dos séculos com sua pá, alimpando sua eira, e recolhendo o trigo no
celeiro (Lc 3:17); desde a grande
contaminação do século IV Deus não parou seu expediente de limpeza, e podemos
estar certos de que antes do glorioso retorno de nosso Rei, Jesus Cristo, a
casa estará limpa para recebermos o Tabernáculo de Deus entre os homens (Ap 21:3).
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