terça-feira, 15 de novembro de 2011

QUE CULTO É ESTE VOSSO?




...Que culto é este vosso?
Êxodo 12:26

            Esta é indagação que Moisés predisse que seria feita pelos filhos aos pais no que tange à páscoa, é, porém, em última análise a indagação que esta geração informada e inquiridora, faz à nós, Igreja do Senhor. O culto é o termômetro da vida espiritual da Igreja, e todos quantos querem conhecer uma igreja, mesmo que inconscientemente acabam avaliando o nível de entusiasmo e a atmosfera mística que permeia as reuniões de um grupo religioso. Particularmente sou parte de uma denominação pentecostal histórica (Igreja de Deus em Cristo), cujo culto é caracterizado por um fervor incomparável, mas ainda assim, me preocupo com o culto de muitas igrejas que não reflete mais a glória de Deus. E eu, como parte desta geração profética, lhe pergunto: “Que culto é este vosso?”

O Culto Show

No decorrer dos séculos de vida da Igreja, creio que os maiores ataques de Satanás à Igreja foram direcionados à forma e à liturgia do culto cristão, que foi infectado de forma a perder sua identidade neo testamentária. E Deus também nos indaga com o mesmo questionamento das gerações futuras que nos verão “cultuando” a Deus: “...Que culto é este vosso?” (Êxodo 12:26b).
Gostaria de explanar esta infecção do culto começando pelo mais moderno “método de culto” alternativo inventado pela religiosidade humana, o Culto Show. O interessante é que este tipo de culto é justificado pelos seus idealizadores como uma quebra do tradicionalismo e da religiosidade, quando na verdade é uma apologia ao secular e ao profano. Não existem mais parâmetros neste modelo de culto. Ritmos literalmente mundanos são incorporados ao santo louvor congregacional, desprezando a verdadeira adoração a Deus que consiste em quebrantamento (Salmo 34:18; 51:17), glorificação (Salmo 29:9; Hebreus 13:15) e lágrimas (Joel 2:17; 1º Samuel 1:10). Lamento parecer tão intolerante e antiquado, mas você deve concordar comigo que é impossível haver a maravilhosa junção de quebrantamento, glorificação e lágrimas ao som de samba, pagode ou funk “gospel”, tais ritmos poderiam até mesmo ser úteis em um trabalho “extra templo” de cunho evangelístico, mas não no sagrado momento de comunhão das duas horas de culto. Sou favorável aos ritmos alegres e festivos no culto a Deus, porém, dentro de parâmetros bíblicos e espirituais. Precisamos ser sensíveis ao Espírito Santo para sabermos e buscarmos aquilo que agrada ao Senhor e não simplesmente aquilo que agrada a determinada classe de pessoas da igreja. Sou um apaixonado pela cultura da Black Music, marcada pelo quebrantamento característico dos antigos escravos negros da América. A estratégia de Deus para atrair os jovens a Jesus, não é secularizando o louvor e sim produzindo a atmosfera ideal para a manifestação da verdadeira alegria da salvação e da glória de Deus.
Além disso, a Igreja precisa abandonar urgentemente seus “bezerros de ouro” e centralizar sua atenção e reverência a Deus e não a homens especialmente ungidos por Deus. Ao sair não deveríamos comentar: Que cantor! Ou, que pregador! Ao contrário deveríamos dizer: Que Deus! Não nos esqueçamos de que Deus depositou o seu “...tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.” (2ª Coríntios 4:7).
Alguns líderes organizam o culto show com boa intenção, eles realmente querem agradar a Deus, mas se esquecem que o melhor organizador e promotor de eventos da Igreja é o Maravilhoso e Divino Espírito Santo. Davi organizou um verdadeiro “show pirotécnico” para trazer a presença de Deus (a arca) à Jerusalém, mas desprezou as orientações do Espírito através das escrituras. Isto redundou não em benção, mas em tragédia. A glória de Deus não virá escorada sobre as rodas vacilantes das programações e estratégias de marketing, mas sim sobre os ombros santos dos verdadeiros levitas de Deus (2º Samuel 6:1-15)
É tempo de substituir os artistas do púlpito pelos verdadeiros profetas, a luz dos holofotes pela luz do nosso testemunho cristão, os aplausos carnais pela glorificação e a fumaça de palco pela nuvem da glória de Deus.

O Culto Morno

Creio que nada é tão danoso e vergonhoso para a Igreja como um culto marcado pela apatia espiritual e pela negligência na adoração. Digo que é danoso e vergonhoso porque, em uma linguagem antropomórfica, Deus “fica doente” com tal culto, a ponto de sentir-se fortemente “enjoado”. Esta foi a advertência de Jesus à igreja de Laodicéia: “Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.” (Apocalipse 3:15).
Por ter em minha alma uma unção profética, sinto-me profundamente irritado e ofendido ao contemplar em um culto certos comportamentos indolentes como casais com a cabeça debruçada no ombro um do outro como se estivessem no cinema, mãos no bolso, braços cruzados (Salmo 63:4; 143:6), celulares ligados, chicletes na boca numa mastigação quase “eqüina” (Hebreus 13:15), conversas vãs, chocarrices (Efésios 5:4), olhos secos e fixos em nada (Salmo 63:1-8; 42:1-3), cantarolas sem vida e sem expressão (2º Crônicas 5:13), ênfase política no púlpito, trajes indecorosos e pregações fracas e frias (Salmo 45:1; Lucas 24:32; Atos 10:44), dentre outras coisas. Gostaria que você meditasse em algo, pense na reverência que é legalmente devida no ambiente de um tribunal e na presença de um juiz de direito, pois é, em um júri, não se pode entrar com qualquer traje, aliás, as mulheres são proibidas de revelar as curvas de seu corpo com roupas pequenas e decotes, e tanto para homens quanto para mulheres o traje prudente é indispensável, tudo isso, principalmente, em reverência a presença de um juiz da terra, à vista disso, quanto mais devemos reverenciar o Juíz de toda a terra (Salmo 75:7a) no ambiente sagrado de sua casa? Não quero ser excessivamente taxativo em meu posicionamento dogmático, expondo que tipo de vestimenta é licita ou ilícita, que convém ou não convém, mas me manifesto taxativo e veemente quanto ao posicionamento moral e escriturístico, acerca disso, pois deveríamos observar melhor e contextualmente as seguintes escrituras: 1ª Timóteo 2:9-10; 1ª Pedro 3:3-5.
O que fez com que o fervor espiritual da igreja de Laodicéia mornasse, foram três fatores: (1) auto-suficiência e conformidade “...dizes:...de nada tenho falta...” Ap 3:17; (2) vida moral impura “...compres...vestes brancas...” v. 18; e (3) cegueira espiritual “...unjas os olhos com colírio...” v. 18b
É tempo de aquecermos nosso espírito no servir ao Senhor. “...sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor.” (Romanos 12:11b).
   
O Culto Desordenado

Creio que poucas coisas entristecem tanto o Espírito Santo quanto a desordem atribuída a Ele. Quero dizer, manifestações humanas e carnais praticadas por crentes imaturos que afirmam estarem sendo impelidos pelo meigo Espírito de Deus. Alguns “profetas” parecem entrar em uma espécie de transe e ficam possessos quando na verdade o que o próprio Espírito Santo diz é que “...os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1ª Coríntios 14:32), portanto, não há descontrole na operação dos dons. Quero, porém, declarar que em reavivamentos e manifestações da glória de Deus, invariavelmente existem excessos quase inevitáveis, que não podem ser contidos pelos moldes da teologia moderna e pelos paradigmas litúrgicos inflexíveis de líderes mornos, e este tipo de mover embriaga a alma humana até que esta extravase suas emoções e impulsos de arrependimento e indignidade diante de Deus. Porém, enquanto este tipo de intervenção sobrenatural divina não ocorre, nossos cultos devem ser alinhados nos moldes espirituais da Bíblia (1ª Coríntios 14:1-40).
Sou extremamente flexível com relação ao “cair no Espírito”, mesmo porque, já vi tais manifestações em evidência no meu ministério, mas, sou antagonista a este “empurra, empurra” que virou regra em certos movimentos que têm o cair como única prova do poder de Deus. Precisamos voltar a ser espontâneos e esperar o sobrenatural de Deus, sem tentar forjá-lo com “sopros de emocionalismo”.
É tempo de procurarmos organizar os cultos para agradar não ao publico, mas sim a Deus.

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